sexta-feira, 2 de abril de 2010

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Canto dos cantos

O canário-da-terra está classificado cientificamente como Sicalis flaveola. A subspécie brasiliensis é popularmente conhecida como canário-da-terra verdadeiro, chapinha, canário-da-telha, canário-de-briga, cabecinha-de-fogo, canário-de-bulha e outras denominações vulgares regionais.

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA: Esta subespécie tem dilargada área de distribuição e habitat no território brasileiro. Abrange os estados do Norte-Nordeste, iniciando no Maranhão até a região sudeste, atingindo Minas Gerais até o sul do Estado de São Paulo e algumas localidades do norte do Estado do Paraná. Daí para baixo, até o Rio Grande do Sul, incluindo o Estado do Mato Grosso do sul, existe a subespécie pelzelni, conhecida pelos nomes populares de canário-da-terra do Sul, canário-do-Oeste, canário-do-Mato Grosso, canário-da-horta, canário-da-terra cinzento, canário do campo, e outros nomes regionais. Ele tem coloração cinza-amarelada, não tão intensa como a primeira subespécie aqui citada.

GENERALIDADES: As duas subspécies, segundo consta de dados oficiais (extraídos de relações de aves registradas em associações e clubes ornitológicos, bem como no IBAMA), o de canário-da-terra é a ave canora que possui, em nosso País, o maior número de exemplares cadastrados e mantidos em cativeiro. O canário-da-terra (CT) é muito conhecido e estimado pela maioria dos passarinheiros de quase todo o Brasil. A sua popularidade advém não só pelo seu canto, sua agilidade, elegância, fogosidade, índole belicosa, vivacidade, boa saúde, mas também por outros predicados, como, por exemplo, a facilidade de criação em gaiolas-criadeiras.



AQUISIÇÃO DOS REPRODUTORES: A compra das matrizes para iniciar uma criação doméstica deve ser vetoriada na qualidade do plantel e não na quantidade dos exemplares, visando sempre a estirpe dos reprodutores. Não há necessidade de um número elevado de casais. Se o objetivo for criação voltada para uma futura comercialização e pássaros para participação em torneios e exposições, o ornitófilo deve dar preferência a aves cuja origem genética seja de boa procedência, adquiridas de criadores credenciados e de prestígio, com aves registradas no IBAMA. A compra há que ser feita mediante Certificado de Transação de Passerifiormes – CTP, ou nota fiscal, se o pássaro vier de um aviário/criadouro comercial. De outro lado, o futuro criador deve se filiar a um Clube ou Associação Ornitológica e cadastrar seus pássaros no IBAMA.

CRIAÇÃO DOMÉSTICA: O canário-da-terra. pode ser criado facilmente em pequenos viveiros gaiolões ou gaiolas-criadeiras. Mas para facilidade de manejo, a melhor maneira é a criação em gaiolas, que podem ser totalmente aramadas (arame galvanizado), como de armação de madeira e fios de arame.
O tamanho ideal de uma gaiola, para acomodar individualmente um canário-da-terra adulto, pode ter: 0,50 cm. (comprimento), 0,20 de largura e 0,50 de altura. Poleiros lisos e roliços, todos do mesmo diâmetro, que vêm juntos com as gaiolas, devem ser trocados por outros, de galhos ou ramos de árvores, de diferentes diâmetros, por exemplo, um fino, um médio e outro grosso. Eles são mais naturais, como acontece na vida silvestre. Poleiros lisos, industrializados, iguais em espessura, acabam acarretando crescimento exagerado das unhas, deformações nos nervos, músculos e articulações dos dedos e pés dos pássaros. Além disso, o CT gosta de dormir em mini-poleiros, denominados “maritacas” ou “dorminhocos”, por isso é interessante instala-los na parte superior das gaiolas.

CAIXAS-NINHOS: Como o canário-da-terra utiliza, na natureza, como local de nidificação, buracos, ocos ou cavidades, é importante colocar, nas gaiola-de-criação, caixas-ninho de madeira, com tamanho variando entre 0,25/0,20 cm. (comprimento), 0,12/0,10 (altura) e 0,14/0,12 cm. (largura), medidas interiores.
A caixa-ninho deve ter um buraco de entrada, uma tampa móvel para observação na parte superior, uma grade protetora (para evitar fugas) e duas dependências internas, tipo “sala/quarto”, isto é, dois compartimentos interligados e separados por um pequeno tabique de madeira, colado no piso da caixa. Na parte reservada ao “quarto” (parte do fundo) é o local onde a tijela do ninho será construída.

MATERIAL PARA NINHO: o ninho poderá ser composto dos seguintes materiais: fios de saco de aniagem (juta ou estopa) com 8/10 cm. de comprimento, fios de crina e/ou rabo de cavalo, raízes de capim amargoso, erva cidreira, etc, radículas, talos e folhas secas de gramíneas ou capim, fibras de sisal, fiapos e tiras finas e macias que revestem troncos de coqueiro, palha de milho, gavinhas e gravetinhos bem finos e flexíveis, lascas de folhas secas de bananeira, lã desfiada entre outros materiais.
Estes materiais devem ser fornecidos em quantidade suficiente para que a tijela do ninho possa ser construído dentro das caixas-ninho. As gaiolas não devem ser posicionadas uma em frente das outras, mas uma ao lado da outra, com vedação entre elas, para que os reprodutores de uma gaiola não possam ver os seus vizinhos. Se os casais tiverem acesso visual ocorrem brigas e a criação se inviabiliza.

CRIAÇÃO DOMÉSTICA: Para a criação em nossas casas, precisamos escolher um local adequado. A dependência onde as gaiolas criadeiras irão ficar deve, preferencialmente, ser um local que tenha claridade, onde alguns raios de sol possam entrar na parte da manhã. Todavia, isto não é fundamental.
O local, porém, deve ser arejado, com boa ventilação, mas livre de correntes de ar e vento encanado. Não pode ser abafado, muito quente, úmido ou frio em demasia. Em geral, o período criatório, no Estado de São Paulo, inicia-se nos meses de setembro/outubro, terminando em março/abril, podendo prolongar-se até maio, dependendo das condições climáticas, da muda de penas e do comportamento dos reprodutores.
Um canário-da-terra (CT), desde que bem tratado, pode viver em cativeiro por cerca de 12 anos ou um pouco mais. Na natureza eles têm vida mais curta, talvez em torno de 5/6 anos, em função de maior desgaste de energia na procura, obtenção e disputa por alimento, ataque de predadores, competição para acasalamento, brigas entre indivíduos da mesma espécie e/ou com aves de outros gêneros, doenças sem tratamento, inclemência das condições atmosféricas, caça, intoxicações por agrotóxicos, alimentação deficiente e outros.
A chave no sucesso da criação doméstica baseia-se na higiene e na profilaxia de enfermidades, parasitas e/ou microrganismos nocivos. Por isso a limpeza deve ser realizada com regularidade, com faxinas rotineiras de todos os componentes do criadouro para eliminação de focos de matéria orgânica, bactérias, germes e insetos. Toda sujeira precisa ser eliminada, combatendo-se, também, piolhos, ratos, formigas, baratas e lagartixas, que podem invadir os ninhos e gaiolas.

ALIMENTAÇÃO: Sementes: Como alimento básico pode-se ministrar uma mistura de sementes – alpiste (60%) e o restante da mistura composta por grãos de painços, também conhecido por milho-alvo (amarelo, verde, preto e vermelho, branco), milheto, niger, aveia, senha e painço português.
O CT não aprecia muito as sementes de linhaça, nabão e colza. Nesta mistura de sementes acrescentamos uma emulsão de óleo de fígado de bacalhau, na proporção de uma colher de sopa para cada quilo de grãos. A emulsão é derramada por cima das sementes.
Após isso, revolve-se, com as mãos, as sementes para que este suplemento vitamínico se incorpore aos grãos. Pode-se, ainda, fornecer, supletivamente: fubá-grosso, quirerinha bem fina de milho (milharina ou sêmola de milho), grãos quebrados de arroz integral descascado e de trigo.
Farinhada: Deve-se entender como “farinhada” a mistura de vários tipos de farinhas (aveia, soja. milho, trigo, arroz, rosca, etc), acrescidas de suplementos de proteínas, aminoácidos, ovo em pó liofilizado, vitaminas, sais minerais e outros componentes. As farinhadas são fundamentais para a criação. Muitos criadores preferem, eles próprios, “fabricar” seus “concentrados”, com fórmulas caseiras.
Mas, o mais prático, é adquirir estas farinhadas já prontas para uso, com fórmulas balanceadas e padrão internacional de qualidade. Existem diversas marcas, tanto importadas, como nacionais. A farinhada deve ser fornecida em pequena quantidade (para evitar fermentação), em potinhos de louça, cerâmica esmaltada, vidro ou plástico.
Legumes: pepino, jiló, maxixe, berinjela, e polpa cozida de batata doce.
As verduras mais apreciadas são: almeirão, escarola (chicória), catalonia, couve, rúcula, espinafre, agrião, mostarda, acelga, folhas de beterraba, cenoura, caruru (bredo).
Frutas: banana, maçã, laranja, goiaba, amora, araçá, pera, melão (parte branca perto da casca), figo e mamão (não muito maduro). Para finalizar é mencionado, abaixo, os vários prazos na criação do canário-da-terra em cativeiro: construção do ninho de 5/6 dias, dependendo do fornecimento de material. Quando existe fartura de materiais, os ninhos podem ser construídos pelas aves em 2/3 dias; Ovipostura 1/6 ovos, média 4 ovos;
Lapso de tempo entre uma postura e outra (quando ocorre choco e nascimento dos filhotes: 35/40 dias;
Choco-incubação: 12/13 dias;
Anilhamento: 8/10 dias; Empenação dos filhotes: 12/15 dias;
Saída do ninho: 13/16 dias (máximo 18 dias);
Filhote comendo sozinho: 27/30 dias (mínimo 22 dias – máximo 38 dias) ; Separação dos filhotes : média 30/35 dias até 40 dias;
Penas completamente crescidas: 50/70 dias (primeira muda) ;
Muda de adulto: 12 a 15 meses; Muda de ninho: 4 a 6 meses;
Canto: currucheio ou início do chulrriar: 75 dias em diante após o nascimento.
Fonte: www.cobrap.org.br AGOSTO DE 1993 .